FENIX DA ESTRADA

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INÍCIO DE TUDO - 13º CURVELO MOTOSHOW 2010 - CURVELO - MG. Na foto (Douglas - Gatos da Estrada - Roberto Manoel e Ana Paula - Fenix da Estrada)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

 

UM, DOIS, TRÊS OU QUATRO?

Entenda as diferenças entre o número de cilindros de uma moto


  • Texto: Geraldo Tite Simões
  • Fotos: Divulgação

(20-04-12) – Ultimamente tenho recebido algumas mensagens de leitores questionando sobre as vantagens dos motores de um, dois ou mais cilindros. É uma dúvida mais do que justificável porque a oferta de produtos no mercado nos leva a questionar o que realmente significa isso. Difícil evoluir este tema sem entrar em questões técnicas mais profundas. Um pouco de conhecimento de mecânica ajuda a entender melhor.

Quando alguém quer saber a característica de um motor, seja de carro ou de moto, geralmente pergunta pela capacidade volumétrica (chamada popularmente de cilindrada). Nos carros esta medida é dada em litros, por isso nos logotipos lê-se medidas como 1.0 (1,0 litro), 1.4 (1,4 litro), 1.6 (1,6 litros) ou 2.0 (dois litros) e assim por diante. No caso das motos essa medida é expressa em centímetros cúbicos (cm3) e geralmente estampada nos logotipos como 125 (125 cm3), 250 (250 cm3), 500, 750, 1.000 e assim por diante.

Este número define o “tamanho” interno do motor. Na verdade mede o deslocamento volumétrico dos cilindros. Normalmente, as motos de baixa cilindrada são indicadas para uso urbano e o motor tem apenas um cilindro. Já as grandes usam motores chamados de multicilindros, com 2, 3 ou 4 cilindros.

No começo da industrialização das motos a divisão tinha como objetivo facilitar a produção. Por exemplo, com dois pistões do motor 125cc fazia-se uma 250cc de dois cilindros e uma 500 cc de quatro cilindros. Com o pistão da 250cc multiplicado por dois resultava na 500 cc de dois cilindros ou na 1000 cc de quatro cilindros. Ou ainda, o pistão do motor de 175 cc (comum nos anos 50) multiplicado por dois resultava na 350 cc de dois cilindros ou na 750 cc de quatro cilindros, lembrando que os valores finais geralmente são arredondados. Hoje em dia não existe este comprometimento, porque os motores evoluíram tanto que não permitem essa múltipla utilização dos pistões.

A definição da quantidade de cilindro tem muito a ver com o uso da moto. Uma regra, porém, é respeitada: quando mais cilindros menor será o nível de vibração. Outras características como desempenho, função, economia são determinantes para a divisão do tamanho do motor pelo número de cilindros. Em resumo é assim:

Monocilíndrico – Os motores de um cilindro são usados basicamente em motos utilitárias, pequenas, entre 50 e 250cc. No entanto as motos de uso misto (cidade-campo) de 600 a 800 cc pode ter motor de um cilindro. Essa configuração favorece a força em baixa rotação, consome pouco combustível e por ter menos peças móveis tem a manutenção mais simples. Porém tem a desvantagem do excesso de vibração e ruído mecânico.

Bicilíndrico – Normalmente em motos na categoria de 500 a 650cc de uso urbano. A divisão em dois cilindros ajuda no aspecto da redução das vibrações e ainda tem uma boa relação entre desempenho e consumo. No entanto, para evitar o excesso de vibração, geralmente estes motores precisam fazer os pistões não subirem e descerem juntos (chamado de cilindros gêmeos). Para isso eles sobem e descem com uma pequena defasagem e o resultado é a redução da vibração, mas o efeito colateral é um funcionamento “quadrado”, como se estivesse sempre falhando.

Tricilíndrico – Não é novidade, como muita gente pensa, porque já existe desde os anos 60, mas em motores de ciclo dois tempos. A inglesa Triumph apostou nesta configuração nos anos 90 por ser uma boa combinação entre a economia e força dos motores de dois cilindros com o desempenho e conforto dos de quatro cilindros. A vantagem é clara: menos peças móveis, portanto manutenção mais simples.

Tetracilíndricos – Este sim, um dos ícones dos motores esportivos de moto por representar alto desempenho e funcionamento “suave”. Não prima pela economia de combustível, mas quem opta por um motor esportivo nem sempre está preocupado com economia. Atualmente os principais motores de 600 a 1000 cc adotam o quatro cilindros tanto pela sofisticação quanto pelo desempenho.

Também existem os motores de seis cilindros, que reapareceram na BMW K 1600GT. O funcionamento é tão suave que privilegia sobretudo o conforto de rodagem. Por ser um motor de grande dimensão é indicado mais para motos touring que não tem preocupação com desempenho nem aerodinâmica.

Além da quantidade de cilindros a arquitetura também tem grande influência. Os formatos mais usados são os motores em linha, com os cilindros lado a lado; os motores em V (ou em L), formando um ângulo entre os cilindros e os motores contrapostos (ou boxer) com os cilindros colocados de forma oposta. Mas este é um assunto para o próximo artigo.

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Geraldo Tite Simões é jornalista, instrutor de pilotagem e ministra o Curso SpeedMaster de Pilotagem com apoio de Honda, Pirelli, Tutto e Shoei. http://%20www.speedmaster.com.br/